📚 Deixe Ir - David Hawkins
Certo dia, encontrando-se em contemplação, a mente perguntou:
«O que é que se passa comigo?» 🤔
«Porque é que a felicidade não é permanente?» 😔
«Onde estão as respostas?» 🔍
«Como abordar o dilema da existência?» 🌌
«Perdi o juízo, ou é o mundo que está louco?» 🌎
A solução para qualquer problema parece apenas trazer um alívio breve, visto que é a base do problema que se lhe segue.
«A mente humana não é mais do que uma gaiola sem saída?» 🧠
«Estarão todos baralhados?» 🃏
«Deus sabe o que anda a fazer?» ✝️
«Deus morreu?» ⚰️
A mente continuou a tagarelar:
«Há alguém que conheça o segredo?» 🔑
Não há motivo para nos preocuparmos — todos estamos desesperados. Alguns parecem estar bem. «Não vejo o porquê de tanto barulho», dizem. «A vida parece-me simples.» Têm tanto medo que nem sequer o conseguem encarar!
E os especialistas? A sua confusão é mais sofisticada, envolta num jargão impressionante e numa elaborada construção mental. Possuem sistemas de crenças predeterminados nos quais tentam encaixar-nos. Estes sistemas parecem resultar durante algum tempo, mas não tardamos a voltar ao estado original.
Houve um tempo em que podíamos contar com as instituições sociais, mas o seu momento já passou: já ninguém confia nelas. Agora temos mais «cães de guarda» do que instituições. Os hospitais são monitorizados por várias entidades. Ninguém tem tempo para os doentes, que se perdem na confusão. Olhemos para os corredores. Não há médicos nem enfermeiras. Estão nos escritórios a tratar da papelada. Todo este cenário está desumanizado.
«Bem», dizemos, «tem de haver alguns especialistas que tenham as respostas.» Quando algo está mal, vamos ao médico ou ao psiquiatra, a um analista, ao assistente social ou a um astrólogo. Aderimos a uma religião, estudamos Filosofia, frequentamos o Erhard Seminars Training (EST), damos um empurrão com EFT (técnicas de libertação emocional). Alinhamos os chacras, experimentamos a reflexologia, a acupuntura nas orelhas, a iridologia, a cura com luzes e cristais.
Meditamos, cantamos um mantra, bebemos chá verde, experimentamos os pentecostais, cuspimos fogo e falamos línguas estranhas. Centramo-nos, aprendemos PNL, experimentamos uma dose de Actualized, trabalhamos em visualizações, estudamos Psicologia, entramos para um grupo junguiano. Fazemos umas sessões de rolfing, experimentamos psicadélicos, fazem-nos uma leitura psíquica, fazemos jogging, jazzercise, hidrocolonterapia, tentamos a nutrição e a aeróbica, penduramo-nos de cabeça para baixo, usamos joias psíquicas. Desenvolvemos a intuição, tentamos o biofeedback, a terapia da Gestalt.
Consultamos o nosso homeopata, o quiroprático, o naturopata. Tentamos a Cinesiologia, descobrimos o nosso tipo no Eneagrama, equilibramos os meridianos, juntamo-nos a um grupo de consciencialização, tomamos tranquilizantes. Levamos algumas injeções de hormonas, experimentamos os sais celulares, equilibramos os nossos minerais, rezamos, imploramos e suplicamos. Aprendemos projeção astral. Tornamo-nos vegetarianos. Só comemos couves. Experimentamos a macrobiótica, tornamo-nos biológicos, não comemos nenhum OGM. Conhecemos curandeiros nativos norte-americanos, trancamo-nos numa sweat lodge.
Experimentamos as ervas chinesas, a moxabustão, o shiatsu, a acupressão, o feng shui. Vamos à Índia. Encontramos um novo guru. Tiramos a roupa. Nadamos no Ganges. Olhamos o Sol. Rapamos a cabeça. Comemos com os dedos, ficamos todos encardidos e tomamos duches de água fria.
Entoamos cantos tribais. Revivemos vidas passadas. Tentamos a regressão hipnótica. Praticamos o grito primordial. Damos socos em almofadas. Experimentamos o Método Feldenkrais. Entramos para um grupo de terapia conjugal. Frequentamos a Igreja da Unidade. Escrevemos máximas. Colamos as nossas visões numa parede. Experimentamos o renascimento. Fazemos leituras de I Ching. Lançamos o Tarô. Estudamos o Zen. Fazemos mais cursos e workshops. Lemos muitos livros. Fazemos análise transacional. Temos aulas de Ioga. Dedicamo-nos ao oculto. Estudamos Magia. Trabalhamos com um kahuna. Fazemos uma viagem xamânica. Sentamo-nos debaixo de uma pirâmide. Lemos Nostradamus. Preparamo-nos para o pior.
Fazemos um retiro. Experimentamos o jejum. Tomamos aminoácidos. Usamos um ionizador. Juntamo-nos a uma escola de mistérios. Aprendemos um aperto de mão secreto. Experimentamos a tonificação. Experimentamos a cromoterapia. Experimentamos gravações subliminares. Tomamos enzimas cerebrais, antidepressivos, remédios florais. Frequentamos health spas. Cozinhamos com ingredientes exóticos. Damos uma olhadela a raridades fermentadas vindas de lugares distantes. Vamos ao Tibete. Vamos à caça de homens santos. Damos as mãos num círculo e apanhamos uma moca. Renunciamos ao sexo e ao cinema. Usamos túnicas amarelas. Aderimos a um culto.
Experimentamos as infinitas variedades da psicoterapia. Tomamos medicamentos-maravilha. Assinamos muitos jornais. Experimentamos a Dieta Pritikin. Só comemos toranjas. Procuramos um quiromante. Só temos pensamentos New Age. Melhoramos a ecologia. Salvamos o planeta. Fazem-nos uma leitura da aura. Passamos a trazer um cristal sempre connosco. Fazem-nos uma leitura astrológica sideral hindu. Visitamos um «transmédium». Experimentamos a terapia sexual. Experimentamos o sexo tântrico. Somos abençoados por um Baba Qualquer Coisa. Aderimos a um grupo anónimo. Vamos a Lourdes. Tomamos banho em fontes termais. Aderimos ao Arica. Usamos sandálias terapêuticas. Ligamo-nos à terra. Obtemos mais prana e expiramos toda esta negatividade negra e cediça.
Experimentamos a acupuntura com agulhas de ouro. Damos uma vista de olhos às vesículas de cobra. Tentamos a respiração dos chacras. Limpam-nos a aura. Meditamos na grande pirâmide de Quéops, no Egito.
O leitor e os seus amigos já experimentaram tudo isto? Ai, o ser humano! Que criatura maravilhosa! Trágica, cómica, mas tão nobre! Tanta coragem para continuar a procurar! O que nos leva a continuar em busca de uma resposta? O sofrimento? Oh, sim. A esperança? Sem dúvida. Mas não é só isto.
Intuitivamente, sabemos que, algures, há uma resposta definitiva. Tropeçamos em caminhos sombrios e entramos em becos sem saída; somos explorados e enganados, sentimo-nos desiludidos, fartos, mas continuamos a tentar.
Qual é o nosso ângulo morto? Porque é que não encontramos a resposta?
- Não entendemos o problema, e é por isso que não podemos encontrar a resposta.
- Talvez seja simplicíssimo, e é por isso que não a conseguimos ver.
- Talvez a solução não esteja «por aí», e é por isso que não a conseguimos encontrar.
- Talvez tenhamos tantos sistemas de crenças que ficamos cegos ante o óbvio.
Ao longo da História, alguns indivíduos alcançaram uma grande clareza e conheceram a solução definitiva para os nossos problemas humanos. Como é que eles chegaram lá? Qual era o seu segredo? Porque não entendemos o que eles tinham a ensinar? É realmente quase impossível, ou, praticamente, não há hipóteses? E o que é que acontece com a pessoa mediana, que não é um gênio espiritual?
São uma multidão os que seguem caminhos espirituais, mas muito poucos aqueles que finalmente conseguem aperceber-se da verdade suprema. Porquê? Seguimos dogmas e rituais e praticamos com zelo a disciplina espiritual — e voltamos a cair! Mesmo quando isto resulta, o ego não demora a entrar em cena e apanha-nos com o orgulho e a presunção, levando-nos a pensar que temos as respostas. Oh, Senhor, salva-nos dos que têm as respostas! Salva-nos dos justos! Salva-nos dos bem-fazentes!
Nenhum comentário:
Postar um comentário