🎭 A Arte da Arrecadação Invisível: Como Transformar uma Escola Pública em Cartório de Família

🎩 Imagine um lugar onde tudo parece em ordem: crianças entrando, professores dando aulas, merendeiras trabalhando e a direção... bem, a direção fazendo um Pix. Mas não é qualquer Pix. É o Pix da esperança, o Pix do amor paternal, o Pix da lembrancinha do Dia dos Pais — aquele mimo singelo que custa cinco reais, mas que levanta questões que nem o STF ousaria ignorar.

💸 Sim, senhoras e senhores, estamos falando da sofisticadíssima Arrecadação do Bem, modelo exclusivo de algumas escolas públicas que conseguiram, com maestria, fundir a gestão pedagógica com a lógica de vaquinha de churrasco em grupo de WhatsApp. Esqueça licitação, esqueça Conselho Escolar, esqueça prestação de contas. Aqui, a regra é clara: se entrou no Pix da chefe, virou institucional. Se alguém questionar, diz que é “em prol da escola” e pronto — está consagrado.

📌 Vamos aos fatos:

  • A gestão criou e operacionalizou uma campanha de arrecadação financeira para uma lembrancinha escolar sem aprovação do Conselho Escolar.
  • A movimentação de recursos foi feita em ambiente privado (por meio de PIX e controle via WhatsApp pessoal), sem autorização formal, registro contábil ou transparência.
  • Quando solicitada a prestação de contas, o que se teve foi o velho truque da resposta evasiva, digna de roteiro de novela das 21h: “foi arrecadado e gasto em prol da escola”, como se o tal “em prol” fosse sinônimo de impunidade.

🏫 E tudo isso orquestrado dentro de uma escola pública. Dentro. Não estamos falando de um grupo de mães na praça, de uma ONG comunitária ou de uma festa junina na paróquia do bairro. Estamos falando de servidoras públicas, no exercício de suas funções, administrando dinheiro de forma paralela — sem controle, sem atas, sem contabilidade e sem o mínimo pudor institucional.

⚖️ Agora, pense comigo: se qualquer outro servidor — digamos, um professor — fizesse uma arrecadação nos mesmos moldes, com os mesmos vícios, usando a mesma estrutura da escola, ele seria parabenizado? Ou seria convocado, advertido e quiçá investigado por conduta incompatível com o serviço público?

🤡 Dois pesos, dois Pix.

🤫 O mais irônico? Quando um colega ousou perguntar sobre a arrecadação, a resposta foi uma ameaça velada, uma desconversação institucional e uma tentativa de silenciamento. Afinal, ninguém pode colocar em xeque o “esforço voluntário” da chefia. Questionar a lembrancinha virou heresia.

🧾 E que fique o aviso: se um dia alguém encontrar uma prestação de contas, com valores totais, comprovantes, sobras devolvidas, atas de aprovação e parecer do Conselho Escolar, favor avisar. Porque até agora, o que temos é uma movimentação financeira informal, promovida sem autorização institucional, sem controle público e em franca afronta aos princípios constitucionais da administração pública — especialmente o da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência (CF/88, art. 37).

🎭 Ou seja, temos uma gestão paralela dentro da gestão oficial. Uma escola dentro da escola. Uma conta privada mandando na estrutura pública. É a privatização do poder público em escala mini, mas com danos que gritam em caixa alta.