sexta-feira, 26 de setembro de 2025

📖 Fábula do Reino das Bandejas Desavisadas

Fábula do Reino das Bandejas Desavisadas

📖 Fábula do Reino das Bandejas Desavisadas

Uma fábula ficcional que instiga reflexão sobre comunicação institucional e uso da língua.
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Certo dia, a Andorinha-leitora encontrou um pergaminho colado no tronco da Praça da Aldeia: “Ainda temos algumas bandejas de carne e presunto se alguém tiver interesse só me mandar mensagem”. A ave riu, torceu o bico e chamou os demais animais para uma aula de Língua Portuguesa improvisada.
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A Coruja, com seus óculos redondos, levantou a pata: — Animais, atenção! Primeiro erro: “só me mandar mensagem”. O correto é “é só me enviar uma mensagem”. A língua não é mercado de peixe, é o fio que sustenta a dignidade de quem ensina.
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O Raposo, sarcástico, abanou o rabo: — E o “adiquiriu”? Ah, doce invenção! Até os ratos da biblioteca choraram com esse verbo inexistente. O certo é “adquiriu”. Parece detalhe, mas detalhe é o que separa mestres de farsantes.
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A Tartaruga, lenta mas certeira, pigarreou: — E que dizer de vender bandejas de carne e pastéis em nome do castelo da educação? Se o Reino ensina mais sobre açougues e quitandas do que sobre livros e ideias, então quem aprenderá a distinguir o certo do errado?
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Nesse momento, o Espelho da Aldeia foi colocado no centro da assembleia. Cada animal olhou para ele, mas o reflexo não mostrava rostos: revelava intenções. Quem carregava descuido via apenas a própria negligência ampliada; quem prezava pelo saber, via ali uma convocação à resistência.
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A Serpente, venenosa em ironia, concluiu: — Eis o paradoxo: um castelo que deveria ser templo da palavra acaba tropeçando em sílabas como quem derrama bandejas gordurosas no chão. Quando a linguagem vira piada, a educação vira teatro "mambembe"(Para não ter problema com meus amigos e amigas do Teatro Mambembe, entenda, vocês, fazem excepcionalmente bem o que se propõe através do - improviso - já meus colegas que se dizem educadores aqui, não!).
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Assim, os animais decidiram transformar o episódio em lição moral: “Quem governa a palavra governa consciências. Se até o guardião do saber pisa nos próprios enunciados, então que os pequenos aprendizes aprendam: não se deve seguir cegamente quem tropeça na própria língua”.
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A moral ecoou como tempestade: • Errar é humano. Repetir erros em nome de uma instituição de ensino é inaceitável. • Quem trata a língua como mercadoria barata não ensina, apenas engana. • E todo comunicado público é um espelho: mostra mais sobre quem escreve do que sobre o que vende.
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O Lobo, com sua mordida sarcástica, rugiu: — Ora, se é assim que o castelo se comunica em praça pública, imagina o que acontece atrás das portas fechadas, nas salas onde os filhotes vão aprender. Se o anúncio já sai tropeçando, como será a aula de gramática? Talvez os filhotes saiam “adiquiri(dos)” em erros novos, embrulhados em bandejas de ignorância frita.
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Mas o que mais escandalizou os animais foi o destino do Guardião das Palavras. Ele, que ousou mostrar que a língua podia brilhar, foi silenciado e amordaçado: arrancado do coração da Torre de Pedra, jogado no porão da Sala Escura, como se inteligência fosse ameaça.
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— Vejam só — grasnou o Corvo, com sarcasmo venenoso. — Se é assim que o castelo trata os seus melhores artistas, imaginem o que não fará com seus próprios filhotes… Talvez um dia descubram que as paredes da Sala Escura guardam mais verdade do que as torres douradas.
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Foi então que o Pavão, dramático e espalhafatoso, abriu sua cauda colorida e gritou: — Mas afinal, ninguém vai fazer nada?! Vamos todos assistir a essa peça grotesca sem direção, sem noção, sem rumo? O castelo desaba em erros, a moral escorre pelo ralo e nós, plateia muda, apenas batemos palmas para a palhaçada?
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E, no silêncio que se seguiu, apareceu o Elefante, sábio e equilibrado: — Calma, Pavão. Não é preciso fazer nada, porque os absurdos já estão escancarados, brilhando como sol do meio-dia. Os tropeços da língua, os comunicados grotescos, as reuniões em que nem tiveram coragem de aparecer diante dos pais e mães dos filhotes — tudo isso já fala por si. Nós fomos renegados, sim. Mas preparem-se, povo meu: quando quem deveria falar se esconde, o silêncio deles é a confissão mais barulhenta. E eu tenho boas novas: o medo deles é sinal de que o fim dessa farsa já começou. Preparem-se! Um novo ciclo inicia-se. Eles estão movendo peças fundamentais no tabuleiro... As estruturas se abalarão. Algumas colunas não mais farão sentido e se transformarão nessa eclosão. Tudo terá que ser redefinido. Apenas confiem. Vem aí, próximos episódios...
📌 Nota de Esclarecimento: Esta é uma obra literária em formato de fábula, destinada à análise crítica e reflexiva. Qualquer associação a pessoas, instituições ou acontecimentos é mera coincidência ou interpretação individual. O texto é ficcional e seu propósito é instigar reflexão sobre o uso da linguagem e da comunicação institucional em geral.
| © TENHO ESSA COMPETENCIA NAO | Profº Théo Oliveira | 2️⃣0️⃣2️⃣5️⃣ |

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