Crônica do Circo Escolar
— com direito a palhaços não identificados
🎭 Era uma terça-feira comum na Grande Secretaria da Escola, aquele lugar mágico onde papéis somem, carimbos brotam e impressoras só funcionam quando não há urgência.
👧 Pois eis que entra em cena A Pequena Emissária do P5, enviada pela professora em missão diplomática: buscar um documento. Inocente, tagarela e com duas tranças que fariam inveja à boneca mais famosa do bairro, a menina começa a conversar com o Diretor Auxiliar de Funções Múltiplas — um sujeito que, segundo ele mesmo, faz “de tudo um pouco”.
🤡 O diálogo flui até que surge, das sombras da repartição, a figura sempre pronta para “animar” o ambiente: o Mestre das Piadas Infames — vulgo o tipo de pessoa que confunde bom humor com pontaria de estilingue.
👉 Ele resolve, do nada, transformar a cena em um número circense: aponta para o Servidor Alheio (que só queria terminar sua tarefa em paz) e dispara para a criança: — E aquele ali? É o Seu Barriga!
🤣 Ah, que primor de comédia… Só que não. A plateia infantil, obediente ao improviso, vai além: — Não, aquele é a Bruxa!
🤫 Risos, claro. Porque no show de alguns, constranger os outros é sempre a melhor parte. Afinal, a inocência da criança é a desculpa perfeita: “Ah, mas foi só brincadeira…”.
🎪 Claro. Brincadeira… Como se uma pedrada virasse confete só porque você sorriu ao arremessar. E assim terminou mais um ato do Grande Circo Escolar, onde certas figuras usam o crachá como licença para transformar respeito em piada, e onde o silêncio do alvo é interpretado como plateia satisfeita.
Nota final do cronista:
Engraçado como ninguém chama de “bullying” quando o palhaço é adulto e a criança só repete a fala, não é? Mas quem entende de dignidade sabe: o riso fácil de hoje é a erosão lenta da humanidade de amanhã.
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