A Fábula do Guarda do Portão e a Criança do Laço
🏰 Dizem que havia, numa velha Casa do Saber, um portão que nunca se fechava — não porque fosse livre, mas porque havia sempre alguém de olho, escolhendo quem entrava e quem saía. Esse alguém era o Guarda do Portão.
🎀 Num certo dia, uma pequena Menina do Laço Duplo, curiosa como os rios que buscam o mar, veio à Casa em missão dada por sua mestra: levar um pergaminho para os sábios do Salão dos Registros. Enquanto esperava, conversava alegremente com o Ajudante do Mestre, que lhe respondia com paciência.
🎭 Tudo corria sereno, até que o Guarda do Portão, entediado, decidiu temperar o momento com seu velho jogo: o de dar nomes que não eram nomes, mas pedras embrulhadas em papel de presente.
👉 Apontou para o Escriba da Mesa do Fundo — homem que trabalhava em silêncio e não buscava atenção — e, diante da Menina, disparou: — E aquele ali? É o Senhor Barril.
👧 A menina, sem entender o peso daquilo, riu. O Guarda insistiu, empurrando-a para olhar de novo. Ela, na ingenuidade da infância, completou: — Não, aquele é a Bruxa!
🤫 O Escriba, que sabia reconhecer quando o riso não era inocente, permaneceu imóvel. O Guarda riu satisfeito. A menina não percebeu o que acabara de acontecer — mas o eco do gesto ficou preso nas paredes da Casa.
📜 E assim, naquela tarde, a velha lição se repetiu: quando o poder veste a máscara da brincadeira, a dignidade é quem paga o preço.
Moral da história:
Há feridas que não deixam marcas na pele, mas ficam gravadas no respeito. E todo aquele que usa a inocência para ferir outro, mesmo que rindo, planta sementes de injustiça que um dia voltam para cobrar o jardineiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário