sexta-feira, 8 de agosto de 2025

🚐 Estudo de Caso: A Anatomia de um Mal-Entendido

Estudo de Caso Linguístico - Prof. Théo Oliveira
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Estudo de Caso: A Anatomia de um Mal-Entendido

🚐 A Emissora – "Vou na van"
A professora que se levantava estava operando sob a égide da economia linguística, impulsionada pela pressa, para expressar que iria usar o transporte escolar de "van" que sairia logo em seguida.

🏃‍♀️ A Fonética da Pressa: A frase "Vou na van" é pronunciada de forma rápida e contínua. A sequência sonora que chega aos ouvidos dos colegas é algo como /'vonɐvɐ̃/. O "n" de "na" e o "v" de "van" se ligam, criando um bloco sonoro único.

📚 A Gramática do Uso (e não da Norma): Aqui reside o ponto técnico crucial. A norma culta pediria "Vou de van" (transporte) ou "Vou à Havan" (destino). No entanto, no uso coloquial brasileiro, dizemos "Vou na padaria". A professora aplicou essa estrutura comum ao transporte, dizendo "Vou na van", o que abriu a porta para a ambiguidade.

🤫 A Pragmática do Contexto Privado: O contexto dela (pressa, curso, transporte) era uma informação privada e não verbalizada. Ela presumiu que sua ação seria suficiente para indicar sua intenção.


🤔 A Receptora – "Você vai às compras?"
A colega que almoçava calmamente fez um trabalho de decodificação completamente diferente, baseado em seu próprio contexto e repertório.

👂 A Decodificação Fonética: O cérebro dela captou a sequência sonora /nɐ'vɐ̃/ e buscou em seu "dicionário mental" a correspondência mais provável e culturalmente presente para esse som.

"Vou na van" "Vou na (Ha)van"

🗣️ O Fenômeno da Elisão e o Poder da Marca: No discurso rápido, o "H" mudo e o "a" inicial de "Havan" são "engolidos" pela palavra anterior. Assim, a pronúncia de "na (Ha)van" soa exatamente como "na van". Esta sobreposição sonora (homofonia) foi o veículo da confusão.

🛒 A Pragmática do Contexto Público: Sem a informação privada da colega, o cérebro da ouvinte buscou a referência pública mais forte para o som /vɐ̃/: a loja Havan. A associação foi instantânea e lógica, levando à pergunta "Você vai às compras?".


Conclusão: A Beleza da Língua Viva

✔️ A Escolha da Preposição foi o Gatilho: O uso coloquial de "na" em vez de "de" criou a ambiguidade gramatical.

🔊 A Homofonia foi o Veículo: A sobreposição sonora perfeita entre "na van" e "na (Ha)van" transportou a ambiguidade para o campo auditivo.

🌍 O Conflito de Contextos foi a Causa Final: Um contexto privado (emissora) colidiu com um contexto público (receptora), e na ausência de informação compartilhada, o mais dominante culturalmente prevaleceu.

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