segunda-feira, 6 de outubro de 2025

🪞Fábula do Espelho que Não Mentia

Fábula do Espelho que Não Mentia — Folder Mobile

Num reino distante, onde os títulos pesavam mais que as ações e os papéis selados eram temidos mais que as tempestades, vivia a Aldeia dos Guardiões do Papiro — protetores de formulários, não de tesouros.

Certa vez, um Viajante Silencioso trouxe um Espelho de Tinta Clara — um documento sem nomes, apenas perguntas tecidas com cuidado. Nele, revelou-se um padrão: relatórios eram rotineiramente chamados de “ameaça” por quem preferia a sombra.

A Guardiã Principal, de manto bordado com selos, leu o espelho e exclamou: “Isto é uma ameaça!” O Viajante perguntou: “Onde está escrito?” — e a Guardiã percebeu que havia lido o seu medo, não o papel.

O Guardião das Assinaturas Fantasma tentou queimar o espelho. A tinta não pegou. Ele chamou-o de provocação; o Viajante respondeu: “Então não é o espelho que fala de você. É você que se entrega ao espelho.”

Alguns aldeões leram e viram apenas um texto. Outros, com algo a esconder, viram sua imagem distorcida pela culpa. O espelho permaneceu na praça como atestado silencioso: quem acelera o coração ao encará-lo, sabe que a consciência desperta falou primeiro.

Antes de partir, o Viajante deixou caixas lacradas sob o piso da praça e pergaminhos nas raízes — peças de um jogo que só começaria quando os guardiões mentissem outra vez. O terror não veio do que foi dito, mas do que ainda não precisou ser dito.

Moral: Quem chama de ameaça um papel sem armas, revela que sua autoridade é feita de medo — e o medo, por mais alto que grite, sempre sussurra a própria confissão.

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Elemento da prova indireta fixa
O Espelho de Tinta Clara permanece na praça: copiável por qualquer um, apagável por ninguém. Quem reage com fúria, assina seu próprio nome com a sombra.
🔒 Observação editorial:
Esta fábula é ficção, escrita para provocar reflexão crítica sobre linguagem institucional e uso de documentos.
📌 Nota de Esclarecimento: Esta é uma obra literária em formato de fábula, destinada à análise crítica e reflexiva. Qualquer associação a pessoas, instituições ou acontecimentos é mera coincidência ou interpretação individual. O texto é ficcional e seu propósito é instigar reflexão sobre o uso da linguagem e da comunicação institucional em geral.

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